quarta-feira, 6 de abril de 2011

Usinas de energia - novas tecnologias



A Sicília é uma ilha italiana com mais de 5 milhões de habitantes,
com um dos maiores complexos petrolíferos da Europa. O local foi
escolhido para abrigar uma usina de uma energia mais limpa e durável: a
energia solar, e com uma tecnologia inédita no mundo.

Até hoje, as dezenas de usinas de energia solar existentes no mundo
(a maioria delas nos EUA e na Espanha) operam com o mesmo sistema: usam
um sistema de espelhos que conduzem a energia do sol para um tubo
preenchido com um óleo sintético, que é aquecido a temperaturas de até
390 graus centígrados. Esse calor então é convertido para ferver a água,
cujo vapor movimenta turbinas que produzem a energia com a ajuda de um
gerador.

As usinas mais antigas só podiam operar durante o dia, na presença
direta do sol, porque o armazenamento da energia dependia exclusivamente
do óleo sintético e da água. Buscando resolver esse problema, usinas na
Espanha usaram pela primeira vez o sal fundido, que segura o calor por
muito mais tempo, para armazenamento da energia. Os italianos, agora,
foram além: utilizam o sal não apenas para armazenar a energia, como
para coletá-la do sol, para começar. O sal fundido, assim, é a base de
todo o novo método.

O sal fundido apresenta várias vantagens de funcionamento em relação
ao óleo. A primeira é o suporte de temperatura: enquanto o óleo
sintético de antes só alcançava 390 graus, o sal chega até 550. Com o
aumento da capacidade de aquecimento vinda do sal fundido, a usina ganha
muito em tempo: pode operar vários dias, mesmo durante a noite ou na
ausência de sol devido a dias nublados e chuvosos.

Além disso, o sal é um material mais limpo do que o óleo, que precisa
ser trocado muito mais constantemente e pode poluir o meio ambiente se
for descartado incorretamente. São mais baratos do que o óleo. Não são
inflamáveis e nem tóxicos, ao contrário do óleo. A mais importante
vantagem, contudo, está no fato de que, com o sal fundido, a potência
que se alcança no aquecimento faz com que a usina seja tão eficiente com
um conversor de vapor d’água quanto seria com gás ou combustíveis
fósseis. Essa equivalência, que era impensável no caso do óleo, dá à
usina um imenso ganho em economia e agride ainda menos ao meio ambiente.

O motivo para a esta mudança (óleo pelo sal fundido) ainda não ter
sido feita em outras usinas, em primeira instância, é político. O grande
incentivador da tecnologia do sal (com a qual ganhou o Prêmio Nobel em
2001), o italiano Carlo Rubbia, entrou em desavenças com dirigente da
ENEA, agência tecnológica da Itália que financiaria o projeto. Agora,
Rubbia trabalha na Espanha, que é o maior pólo da energia solar no
planeta, mas com tecnologia a óleo.

Como se isso não bastasse, há razões técnicas para a demora na troca.
Como o sal tende a se solidificar quando a temperatura bate nos 220
graus, foi preciso desenvolver um complexo aparato tecnológico para
evitar que os equipamentos parem de funcionar por causa disso. Essa
tecnologia custou 60 milhões de Euros à usina italiana, e nem todos os
lugares do mundo estão dispostos a fazer o mesmo investimento para
implantar a tecnologia do sal, ao menos por enquanto.

A Itália, assim como a Espanha, está mais disposta a investir em
energias alternativas, como a solar, e os italianos preveem que até 2020
o país vai abrigar entre 3000 e 5000 usinas de energia solar. Outros
países, no entanto, ainda são menos receptivos a investir quantias altas
em fontes de energia não muito “seguras”. Mas a tendência é que todas
acabem aderindo. Cedo ou tarde.

-E se todo mundo aderir, as novas moedas serão de sal novamente….

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